Top Blog

Top Blog

Top Blog
Awards!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Recife, com ou sem artigo?

Ao visitar recentemente o blog Pátria Amada, de minha amiga Laís Castro, tomei conhecimento da polêmica existente em torno do uso ou omissão do artigo definido com o nome da capital pernambucana.

Alguns, entre os quais Gilberto Freire, defendem que deve-se dizer 'o Recife', com artigo definido, e não simplesmente 'Recife'. Contudo, ao que parece, o uso de 'Recife' sem artigo é bastante significativo. Há quem reconheça inclusive certas sutilezas do tipo 'Recife' (sem artigo) para toda a região metropolitana e 'o Recife' apenas para a parte mais prestigiosa, ou turisticamente relevante desta.

Procurei verificar com meus próprios olhos, que a terra ainda há de co... epa, que digo eu?

Pois bem, servi-me do Google para analisar a questão, ainda que mui superficialmente. Quis saber o que é mais usado de fato. Pelo menos na Internet, o artigo definido aparece ou é omitido interessantemente.

Minha pesquisa levou só uns poucos minutos, faz uns poucos minutos. O que descobri foi o seguinte:

a) Existe preferência pelo uso do artigo definido. Prova disso é que encontrei nada menos que:

18 900 000 ocorrências para ‘até o Recife’, contra 18 700 000 para ‘até Recife’;
9 910 000 ocorrências para ‘desde o Recife’ contra 9 890 000 para ‘desde Recife’;
35 700 000 ocorrências para ‘no Recife’ contra 32 300 000 para ‘em Recife’
5 020 000 ocorrências para ‘instalados no Recife’ contra 1 820 000 para ‘instalados em Recife’;
634 000 ocorrências para ‘residindo no Recife’ contra 633 000 para ‘residindo em Recife’;
53 000 000 ocorrências para ‘sobre o Recife’ contra 24 400 000 para ‘sobre Recife’

b) Existe também preferência pela omissão do artigo definido. Prova disso é que encontrei nada menos que:

45 500 000 ocorrências para 'a Recife' contra 25 300 000 para 'ao Recife';
45 700 000 ocorrências para 'com Recife' contra 39 900 000 para 'com o Recife';
46 600 000 ocorrências para 'de Recife' contra 42 300 000 para 'do Recife';
3 030 000 ocorrências para 'moradores de Recife' contra 3 020 000 para 'moradores do Recife';
34 600 000 ocorrências para 'para Recife' contra 32 000 000 para 'para o Recife';
30 100 000 ocorrências para 'por Recife' contra 20 000 000 para 'pelo Recife';

c) Finalmente, existe um espantoso equilíbrio entre uso e omissão do artigo. Prova disso é que encontrei:

19 300 000 ocorrências para ‘cidade do Recife’ contra 19 300 000 para ‘cidade de Recife’;
20 700 000 ocorrências para ‘entre o Recife e...’ contra 20 700 000 para ‘entre Recife e...’;
1 810 000 ocorrências para ‘habitantes de Recife’ contra 1 810 000 para ‘habitantes do Recife’;
6 140 000 ocorrências para ‘população de Recife’ contra 6 140 000 para ‘população do Recife’;
3 030 000 ocorrências para ‘visitar o Recife’ contra 3 030 000 para ‘visitar Recife’

Impressionante. Estou de queixo caído. As vantagens que o Google revela tanto para o emprego como para a dispensa do artigo só em raros casos são nítidas, expressivas.

Não pesquisei as incidências diretas de 'Recife' e 'o Recife' porque não haveria contraste aí. A segunda busca mostraria forçosamente apenas um óbvio subconjunto da primeira.

Mesmo sem resultados que permitam alguma conclusão definitiva, foi prazerosa a busca.

4 comentários:

Lais Castro disse...

João!!! Estou deveras impressionada com as suas descobertas, instigadas pela postagem no Pátria Amada! Sem falar que dei risadas lendo o seu artigo. Muito legal! Abraço.

João Esteves disse...

Merci, Laís.
A ideia foi, acima de tudo, expor uma forma simplificada de se investigar a frequência com que um fenômeno léxico qualquer ocorre. O imenso corpus da internet é um campo e tanto para investigações, descobertas e surpresas.
Abraço.

Tere Tavares disse...

A leitura de grande proveito e tambem prazerosa - para alem de uma bela cronica.
Joao, perdoa a falta de acentos, o teclado ou o PC ou o blogger estao com ausencia de sintonia - nao e o caso da tua escrita.
abra;o

João Esteves disse...

Problemas com teclado, quem os desconhece? Já os tive, memoráveis. Teclados com tecla presa, com tecla que não responde, desconfigurados, e pra quem trabalha entre línguas, os problemas com teclado nayuralmente se multiplicam.
Sempre agradável anfitrionar você, Terê.
Abraço