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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Um Aperitivo

Hoje compartilho aqui no blog alguma coisinha do felizmente bastante que existe de interesse especificamente lexicográfico atualmente disponível para leitura na internet.

A ideia é apenas servir um aperitivo.

A indicação de material desta natureza aqui visa a provocar um pouco desta sempre saudável curiosidade.

Um começo interessante seria a leitura, na tela mesmo, apesar da visualização incompleta, deste tratado de Francisco da Silva Borba que versa sobre "Organização de dicionários: uma introdução à lexicografia", como indica o título. Obra da década de 70, pelo que traz de informações úteis e sempre bem apresentadas, cumpre seu propósito de iniciação. Segue o link

http://books.google.com.br/books?id=Sq4DTSgzQgMC&pg=PA168&dq=uso+de+dicionarios&hl=pt-BR&sa=X&ei=_cd2T877F8TgtgeChbjoDg&ved=0CEUQ6AEwAQ#v=onepage&q=uso%20de%20dicionarios&f=false


Outra recomendação, para uma visão diacrônica da lexicografia brasileira, "Breve histórico da metalexicografia no Brasil e dos dicionários gerais brasileiros" de Herbert Andreas Welker, da Universidade de Brasília. Trabalho bem mais recente, em PDF de apenas 20 páginas pode-se passear pela história da lexicografia brasileira, apreciar uma boa análise de nossos cinco principais produtos lexicográficos e ainda ganhar algumas referências bibliográficas que expandem consideravelmente o trabalho para quem queira aprofundamento. O link é

http://www.let.unb.br/hawelker/images/stories/professores/documentos/metalex_Matraga.pdf


E pra encerrar, por hoje, um PDF atualizado e com bastante o que se ler sobre "Lexicografia pedagógica, pesquisas e perspectivas", que num só pacote traz nada menos que 16 trabalhos teóricos (em português, espanhol e inglês) em 262 páginas. Segue o link:
http://www.cilp.ufsc.br/LEXICOPED.pdf


Querendo, divirtam-se e informem-se com isto, leitores deste blog.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Lexicografia (e da boa) no YouTube

Olá, leitores do Lexicografia.

Acho que todos já perceberam que estou divulgando o blog espanhol Llave Del Mundo. Basta um clique ali do lado esquerdo, dentro da caixinha onde há palavras, e você pode entrar e explorar o que ali está contido, apreciar o tratamento que se dá às palavras, com informações de significado, etimologia, contextualização, etc. Um rico repositório de conteúdo lexicográfico em idioma espanhol, atualizado diariamente. A palavra como chave do mundo, não é interessante?

Também tenho seguido um outro blog chamado Dictionari http://diccitionari.blogspot.com.br/ que dá conta do que acontece de relevante na lexicografia catalã. Deveras interessante, informativo e motivador. Basta entender ao menos um tiquinho do idioma.

Mas minha dica lexicográfica de hoje destina-se a quem entende inglês. Descobri mais ou menos recentemente que a equipe editorial do Merriam-Webster tem uma forma muito simpática de interagir com o público.

Eles colocam lá no YouTube vídeos produzidos pela própria equipe editorial. Tais vídeos divulgam curiosidades e fatos relacionados ao trabalho das pessoas que produzem há tantas décadas este tradicional dicionário americano.

São vídeos bastante sintéticos, que raramente ultrapassam dois minutos. Um exemplo que colho agora como amostra é http://www.youtube.com/watch?v=D3sDiH3FhnY. Neste, uma editora associada fala de “palavras-fantasma”. Cita o único caso em toda a história do Webster: “Dord”, que significava ‘densidade’ segundo uma edição da década de trinta. Mas tratava-se de um engano. Esta palavra, que não figurava em nenhuma outra fonte ou documento original no domínio da física, nem no da química, nascera da indicação “D or d” que um dos consultores do Webster deixara numa ficha, ou seja, era usual abreviar-se densidade com apenas um ‘d’ que poderia ser maiúsculo ou minúsculo. O erro só foi corrigido na edição de 1947.

Há outros, muitos outros vídeos interessantes ali para quem queira ver a casa e a coisa por dentro, como em http://www.youtube.com/watch?v=5EeQEqqj-dI&feature=relmfu , onde um editor associado explica direitinho e em apenas 1 minuto e 59 segundos como é que as palavras entram no dicionário.

Os vídeos constituem em si mesmos um excelente exemplo inclusive de como praticamente qualquer coisa verbalizada pode ser de interesse lexicográfico, como todas as fontes existentes podem ser eficientemente exploradas e muito mais.

Mais do que o número (não muito expressivo, em geral) de exibições dos vídeos, algo me leva a crer que eles são bastante populares: o fato de existirem versões burlescas do “Ask the Editor”, com os mesmos cenários e atores cômicos no lugar dos editores, além de textos que parodiam os assuntos dos dicionaristas e seu modo de expô-los, em alguns casos realmente engraçados.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Obras de referência improvisadas

As obras de referência usuais já são concebidas e confeccionadas como fontes de consulta. Em qualquer biblioteca, o que você espera encontrar basicamente na seção de referência, senão dicionários e enciclopédias?

Estas são fontes de consulta imprescindíveis para um grande contingente de profissionais e estudiosos, que delas lançam mão habitual, rotineiramente.

Mas nem só as obras de referência servem como fonte de consulta freqüente. Os materiais publicados pela Watchtower Bible and Tract Society, das Testemunhas de Jeová, servem-me como fonte de consulta há décadas.

Atualmente existe a página oficial na internet, http://www.watchtower.org/ onde você pode ler artigos variados sobre atualidades e outros temas relevantes em ... 439 línguas! Não sei de nenhuma outra organização em nenhum lugar do mundo que publique nada regularmente em tantas.

Entrei lá hoje e a chamada principal dizia:

“Keep Your Children Safe!
With so many sexual predators on the prowl, parents want to know how to protect their children. These articles may help you.”

Claro, entendi direitinho. Sou versado em inglês. Li tudo e achei bem interessante. Mas foi irresistível conferir a tradução para português, coisa que faço sempre. Com um simples clique lá estava:

“Proteja seus filhos!
Com tantos predadores sexuais à espreita, os pais querem saber como proteger os filhos. Estes artigos poderão ser de ajuda.”

Aproveitei para reler os artigos, agora em vernáculo. Feito isto, mais outro clique e vi em francês:

“Protégez vos enfants !
Avec tant de prédateurs sexuels à l’affût, les parents veulent savoir comment protéger leurs enfants. Ces articles pourront les aider.”

Em seguida, alemão:

“Schützt eure Kinder!
Immer mehr Kinder geraten ins Visier von Sexualverbrechern. Wie können Eltern ihre Kinder schützen? Diese Artikel geben hilfreiche Tipps.”

Depois italiano:

“Proteggete i vostri figli
Con così tanti predatori sessuali a caccia di prede, i genitori vogliono sapere come proteggere i figli. Questi articoli possono dar loro buoni consigli.”

E espanhol:

“Padres, protejan a sus hijos
Con tantos depredadores sexuales al acecho, los padres necesitan saber cómo proteger a sus hijos. Hallará muy útiles estos artículos.”

Para um último clique escolhi a tradução sueca, mesmo não sendo versado na língua, mas lá estava:

“Skydda dina barn!
Massmedier tycks allt oftare rapportera om sexuella övergrepp mot barn. Oroade föräldrar vill veta hur de kan skydda sina barn, och de här artiklarna kan vara till hjälp.”

Fiquei só na leitura silenciosa (como as demais) da chamada. Não é nada provável que um sueco fosse entender minha leitura vocalizada, se eu tentasse fazer uma. Mas o entendimento aqui foi praticamente o mesmo da meia dúzia de experiências anteriores.

Só a chamada já daria ensejo a um bom número de comentários.

Por exemplo, o inglês “predators” se converte sucessivamente no português “predadores”, francês “prédateurs”, italiano “predatori” e espanhol “depredadores”. Só em espanhol se usa o prefixo (de-) neste caso. Prefixo, aliás, também existente nas outras línguas.

Já o inglês “on the prowl” fica respectivamente “à espreita”, “à l’affût”, “a caccia di prede” e “al acecho”. Temos sempre uma preposição, um artigo e um substantivo, exceto em italiano, onde a coisa se explicita mais com os dois jogos de uma preposição e um substantivo.

A tradução alemã se afasta do formato do original ao começar com “Immer mehr Kinder...” (Cada vez mais crianças...).

Gosto de fazer estas análises e comparações. Aprende-se bastante com este exercício. A chamada que copiei aqui tem só 26 palavras em inglês. Na íntegra do texto, claro que havia muitas outras analogias e contrastes bem interessantes.

Fora isto, há uma eterna confirmação de que as coisas sempre podem ser ditas de várias maneiras. Esta noção é essencial na hora que se vai escolher conscientemente uma. Quanto mais exemplos, mais modelos, mais critérios, tanto melhor.

Uso então estas publicações das Testemunhas de Jeová como obra de referência, já que as consulto amiúde. Também como material didático, tanto para aprender quanto para ensinar, quando se trata de pessoa (ou grupo) que ou é testemunha de Jeová, ou não faz objeções à utilização destes materiais por elas produzidos. Todas progridem quando realmente exploram esta fonte. Sei de alguns colegas tradutores que leram ou leem estes materiais ao se iniciarem em alguma nova língua, sempre com muito bons resultados, como seria mesmo de se esperar.

Hoje em dia existe a confortável opção de baixar arquivos para ler, por exemplo, a revista Awake (que vem me reforçando o conhecimento de inglês há quase trinta anos) no formato PDF e ouvi-la em formato MP3. A página é http://www.jw.org/.

Comecei a fazer isso este ano, com alguns números dela, mais para usar como material didático. Baixei também a Réveillez vous, a Erwachet, a Svegliatevi, e a Despertad. Uns poucos meses atrás, até exagerei na dose e também baixei, li e ouvi as traduções da Awake em holandês, sueco, norueguês, russo e grego, apesar da dificuldade inicial. Fiquei muito entusiasmado.

Sei que se prosseguir com esta experiência, acabarei por agregar todas estas línguas ao meu kit de ferramentas de trabalho. Só questão de tempo. Não é da noite pro dia, não. Quem seguiu por uns dois ou três anos um programa de leitura como este já se defende bem na(s) língua(s) que houver escolhido. Custa algum tempo e esforço, obviamente, mas os resultados finais falam por si mesmos. Eu mesmo sou uma prova ambulante disso que afirmo e recomendo. Melhor ainda é que basta ter acesso à internet. É tudo virtualmente sem despesa nenhuma.

Aos leitores que se dispuserem a explorar esta fonte com o fim de praticar leitura e escuta em línguas estrangeiras, todo o meu incentivo. Em tempo: não tenho religião, nem propagandeio ou combato nenhuma, que isto fique definitivamente claro. Quanto às línguas, quem quiser sinta-se à vontade para praticá-las comigo. Basta que eu tenha tempo e conheça o idioma estudado. Meu e-mail é joaoestevesalves@gmail.com.

A propósito, agora que leu esta postagem, se como eu você também não é fluente em sueco, o que você pensa que "Skydda dina barn!" quer dizer?
Viu?
Funciona, mesmo.

sábado, 10 de março de 2012

Consulta nostálgica

Consultei hoje a Wikipédia em português para aprender alguma coisa específica sobre a carambola. É uma fruta cujo sabor conheço bem e aprecio, ainda que raramente. A primeira coisa que aprendo é o nome da caramboleira: Averrhoa carambola. Muito prazer, então, dona Averrhoa.

Jamais suspeitei da etimologia, mas diz o verbete que vem do francês ‘carambole’, informação respaldada por remissão ao Aurélio. Descobri até que as primeiras caramboleiras foram aqui plantadas bem no finalzinho do período colonial: precisamente em 1817.

A carambola tem vitamina C e outras. Descubro que ela pode ser febrífuga, antiescorbútica e abrir o apetite. Uma advertência porém me espanta. Portadores de insuficiência renal devem abster-se de carambola. A desobediência pode custar a vida, ou no mínimo uma desconfortável hemodiálise de emergência.

Com isto convenço-me de que tanto eu, quanto meus pais e irmãos, e todos os demais parentes e amigos que nos frequentavam desde meados da década de cinquenta até 1978 temos rins saudáveis, pois consumíamos bastante do fruto de nossa velha caramboleira, tanto ao natural como em sucos, refrescos e doce.

Só agora fico sabendo que suco de carambola serve para tirar manchas de ferro, de tintas e para limpar metais.

Vou para a página em inglês e confirmo que neste idioma se diz carambola ou starfruit. Acho muito interessante a descrição do sabor que encontro ali, além de outras informações relacionadas com saúde e cultivo. Por exemplo, a Malásia é líder mundial da produção de carambola.

Na página em francês, encontro a caramboleira (carambolier) e seu fruto (carambole), mais informações detalhadas sobre a composição. Há inclusive uma tabela com os valores proporcionais disso e daquilo que há em 100g de carambola.

Em alemão a fruta é conhecida como Sternfrucht, Karambole ou Karambola. A descrição da caramboleira ali é bem detalhada, incluindo as dimensões usuais. A da minha infância e juventude era das bem grandes.

O verbete em italiano é simplificado. O título é Averrhoa carambola, ou o próprio nome científico da caramboleira. Traz também vaga indicação de sua origem asiática.

Em espanhol vemos que a fruta é conhecida como carambola e a árvore, carambolo. Um verbete médio, contendo somente dados essenciais. Eu esperava mais informações porque em vários paises de língua espanhola se planta a caramboleira.

As páginas da Wikipédia que abri hoje oferecem ligações externas em várias línguas, para quem queira fazer pesquisa mais aprofundada.

Com todas as objeções procedentes que se possa fazer a esta ferramenta de informação, ninguém pode negar os serviços que presta. Quanta vez, como tradutor, precisei conferir como se diz isso ou aquilo nestas e em outras línguas e achei rapidinho a informação que buscava.

Nos tempos pré-Wikipédia eu precisava quebrar a cabeça com coisas do tipo como se diz chapisco em inglês. E chuchu? E quiabo? E lagartixa? E acarajé? E tantas outras dessas coisinhas que seria demais exigir-se da memória de alguém. Os dicionários físicos bilíngües de então eram quase invariavelmente inúteis nesse tipo de aperreio lexical.

Com a Wikipédia, perdi a conta de quantas destas dúvidas minhas foram satisfatória e definitivamente resolvidas. Minha dívida com ela ultrapassa longe o exposto, mas registro aqui apenas à guisa de sugestão para quem enfrente dificuldades de mesma natureza.