No finalzinho da década de setenta e da famigerada ditadura militar brasileira, M. Souto Maior saiu com seu Dicionário do Palavrão e Termos Afins, obra ao que me consta sem quaisquer precedentes no país ou mesmo em língua portuguesa.
Li-a ainda fresca. Dei um rápido balanço em meu próprio vocabulário de doestos, palavras de baixo calão, termos considerados chulos, vulgarismos, plebeísmos e tudo mais nessa linha antes da leitura e descobri (boquiaberto) a até então insuspeitada pobreza do meu próprio vocabulário neste campo.
O prefácio de Gilberto Freyre foi o quanto me bastou para dissipar de uma vez por todas qualquer vestígio de suspeita sobre um possível mau gosto ou baixo nível que o título ainda pudesse suscitar.
Nem sei que fim levou meu exemplar daquela primeira edição, com dois, três mil verbetes, salvo engano, mas lembro que foi uma experiência enriquecedora.
Os verbetes nem sempre estavam tão modelarmente redigidos e as definições algumas vezes assomaram-se-me ou vagas demais ou insatisfatórias pelos mais variados motivos. Atribuo estas características técnicas principalmente à falta de apoio em qualquer tradição estabelecida, ao inevitável improviso, neste caso. Jamais à falta de competência lexicográfica do autor, um trabalhador infatigável com respeitável produção intelectual a seu crédito.
A virtude de oferecer uma profusão de abonos em obras e autores da mais variada reputação foi o ponto alto, para mim. Desconhecia completamente vários deles.
As poucas obras congêneres em língua estrangeira que conheço mais aumentam meu convencimento da oportunidade, mesmo da necessidade de mais esforços lexicográficos neste sentido. Os "excluídos", por assim dizer, de uma língua deveriam receber mais atenção da parte dos estudiosos. Não obstante, é sempre o uqe acontece com excluídos, de qualquer forma. Nunca interessam, mesmo.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
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12 comentários:
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bjosss...
Gracinha, Nanda, esse coelhinho. Ainda aprendo a fazer desenhos com sinais gráficos de texto. Vai ser o maior barato, as possibilidades são infinitas, acho.
Feliz Páscoa, feliz tudo pra você, Nanda.
Caro amigo João
Hoje passo para lhe desejar PÁSCOA FELIZ.
Um grande abraço.
António
Igualmente, António.
Acabo de certificar-me por seus dizeres que em Portugal a comemoração da Páscoa (este ano ao menos) é em data coincidente com a brasileira. Não sabia. Talvez seja um calendário só para todos os países.
Feliz Páscoa.
Muito bom este post. Há todo um mundo lexical que desconheço.
Boa sorte com o seu blog e páscoa feliz.
Assinado: Estela.
João
Espero que estejas bem após um período ausente mas que tenho certeza por bons acontecimentos.
Com você estamos sempre aprendendo e o mundo das palavras se torna cada vez maior e abundante.
beijos
Obrigado por sua visita e seu comentário, Estela.
Venho tendo conhecimento bem atrasado das visitas que recebo, até aqui.
Mas são só circunstâncias passageiras, como passageira de resto é a próppria vida.
Agradeço de coração seu afetuoso comentário, Rosemari. É isso mesmo, então. Estou me ausentando por estadas mais longs que as constumeiras onde não blogo e mal acesso a internet para ver o correio eletrônico, priorisando inclusive o que responder. Mas isso passa.
Beijos
quem não um palavraõzinho quando esta ejuriado?
até eu,
querido amigo, um grande final de semana, bjs
É isso então, Sueli. Uma martelada pega no seu dedo e você diz "oh, que dor!?" Eu não. Implausível e insatisfatório, só um bom palavrão nessa e em muitas outras horas. Não precisa o extremo de Dercy Gonçalves que só falava palavrões, mas nem um ... de vez em quando não dá.
Obrigado pela visita e comentário.
Quando você puder, veja esse vídeo, já que o papo é palavrao.
http://www.youtube.com/watch?v=VPSX5tgwyNA
Nós na fita, Barreto, é engraçado "para pênis", mas se não prestar atenção a gente não entende "esperma nenhum". Em lexicografia, quando não se pode entender as palavras em, aí é que "copulou de vez".
Valeu, um amplexo.
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