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domingo, 21 de junho de 2009

Avalie Seus Dicionários

Claro que no post de hoje não vou apresentar todos os critérios de que um avaliador de dicionários precisa. Entraríamos fatalmente (este é o termo) num cipoal de minudências de pouco interesse para quem só vai, por exemplo, comprar ou usar determinado produto e deseja escolher um que lhe sirva satisfatoriamente. Não obstante, umas poucas considerações talvez lhe sejam de serventia numa hora destas.
Nessa crença, então, vamos lá.

A quantidade de dicionários (físicos, eletrônicos ou virtuais) existentes hoje em dia no mercado é assombrosa. Não admira que em meio a tal abundância de opções facilmente encontremos produtos que com o uso intensivo se revelem francamente insatisfatórios. Só para ilustrar, a ATA (American Translators Association) realizou há tempo uma pesquisa exaustiva, onde ouviu tradutores de costa a costa no país, e em resumo chegou-se à conclusão de que estes profissionais que utilizam dicionários técnicos exaustivamente tinham principalmente as seguintes queixas: a) inexatidão (inaccuracy), b) lastro (ballast) e c) omissão (omission).

A primeira queixa, inexatidão, diz respeito ao fato de o consulente ser mal orientado em dicionários por registros imprecisos que frequentemente o levam a cometer erros pelo menos lamentáveis, quando não de consequências desastrosas. Fiando-se no que encontra num dicionário técnico, ele traduz de conforme com o que consultou e ... erra. Isto infelizmente é muito mais corriqueiro do que se imagina, e no fim das contas vem em prejuízo da qualidade das traduções. Seria altamente desejável que os dicionários, principalmente os especializados, fossem muito mais precisos em suas definições e nas correspondências terminológicas entre idiomas.

A queixa do lastro refere-se à irritante presença de verbetes desnecessários que dão volume, sim, mas não peso à obra referencial. É o que aqui apelidamos de "encher linguiça". São muitos os lexicógrafos adotam indiscriminadamente esta prática abominável.

Omissão é a terceira frustração mais comum do consulente, que depois de encontrar definições imprecisas que induzem a erros e vários verbetes praticamente inúteis, descobre espumando de raiva que justamente aquele termo que com razoáveis motivos esperava encontrar naquele dicionário ... simplesmente não consta.

Então, as queixas mais frequentes de todo um conjunto de consulentes muito intensivos de dicionários nos ensina algo a buscar num bom dicionário. Um dicionário ideal seria preciso e claro em todas as suas definições, omitiria todas os dados irrelevantes ou não pertinentes e traria mesmo todos os termos que provavelmente levassem um consulente a abri-lo.

Não é difícil colocar estas características à prova no(s) dicionário(s) de que você costumeiramente se serve.

O melhor teste prático para você formar rapidamente alguma ideia sobre a qualidade das definições do seu dicionário é bem simples. Consiste em apenas substituir o termo definido em seu contexto pela própria definição que o dicionário apresenta. Se a definição "não encaixar" no lugar do termo a que se refere, já se tem claro indício de má definição. A boa definição, e só a boa, sempre equivale perfeitamente ao próprio termo definido. Não há que errar. Fácil, não?

Ah, e não só as definições em qualquer dicionário devem passar no teste da substituição. As equivalências também. Um termo apresentado em dicionário como sinônimo de outro tem o dever de poder substitui-lo no contexto pertinente. Mas haveria tantas ressalvas e considerações a fazer aqui, que neste caso direi somente que o teste da substituição simples não funcionará sempre, como deve no das definições.

"Forte", por exemplo, é um adjetivo que quando aplicado a café naturalmente não aceitará os sinônimos dicionarizados. "Mole" é antônimo de "duro", mas a expressão "dar mole" não é antônima de "dar duro", ou "estar duro" (sem dinehiro) não é o antônimo de "estar mole". Cuidado, então.