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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Obras de referência improvisadas

As obras de referência usuais já são concebidas e confeccionadas como fontes de consulta. Em qualquer biblioteca, o que você espera encontrar basicamente na seção de referência, senão dicionários e enciclopédias?

Estas são fontes de consulta imprescindíveis para um grande contingente de profissionais e estudiosos, que delas lançam mão habitual, rotineiramente.

Mas nem só as obras de referência servem como fonte de consulta freqüente. Os materiais publicados pela Watchtower Bible and Tract Society, das Testemunhas de Jeová, servem-me como fonte de consulta há décadas.

Atualmente existe a página oficial na internet, http://www.watchtower.org/ onde você pode ler artigos variados sobre atualidades e outros temas relevantes em ... 439 línguas! Não sei de nenhuma outra organização em nenhum lugar do mundo que publique nada regularmente em tantas.

Entrei lá hoje e a chamada principal dizia:

“Keep Your Children Safe!
With so many sexual predators on the prowl, parents want to know how to protect their children. These articles may help you.”

Claro, entendi direitinho. Sou versado em inglês. Li tudo e achei bem interessante. Mas foi irresistível conferir a tradução para português, coisa que faço sempre. Com um simples clique lá estava:

“Proteja seus filhos!
Com tantos predadores sexuais à espreita, os pais querem saber como proteger os filhos. Estes artigos poderão ser de ajuda.”

Aproveitei para reler os artigos, agora em vernáculo. Feito isto, mais outro clique e vi em francês:

“Protégez vos enfants !
Avec tant de prédateurs sexuels à l’affût, les parents veulent savoir comment protéger leurs enfants. Ces articles pourront les aider.”

Em seguida, alemão:

“Schützt eure Kinder!
Immer mehr Kinder geraten ins Visier von Sexualverbrechern. Wie können Eltern ihre Kinder schützen? Diese Artikel geben hilfreiche Tipps.”

Depois italiano:

“Proteggete i vostri figli
Con così tanti predatori sessuali a caccia di prede, i genitori vogliono sapere come proteggere i figli. Questi articoli possono dar loro buoni consigli.”

E espanhol:

“Padres, protejan a sus hijos
Con tantos depredadores sexuales al acecho, los padres necesitan saber cómo proteger a sus hijos. Hallará muy útiles estos artículos.”

Para um último clique escolhi a tradução sueca, mesmo não sendo versado na língua, mas lá estava:

“Skydda dina barn!
Massmedier tycks allt oftare rapportera om sexuella övergrepp mot barn. Oroade föräldrar vill veta hur de kan skydda sina barn, och de här artiklarna kan vara till hjälp.”

Fiquei só na leitura silenciosa (como as demais) da chamada. Não é nada provável que um sueco fosse entender minha leitura vocalizada, se eu tentasse fazer uma. Mas o entendimento aqui foi praticamente o mesmo da meia dúzia de experiências anteriores.

Só a chamada já daria ensejo a um bom número de comentários.

Por exemplo, o inglês “predators” se converte sucessivamente no português “predadores”, francês “prédateurs”, italiano “predatori” e espanhol “depredadores”. Só em espanhol se usa o prefixo (de-) neste caso. Prefixo, aliás, também existente nas outras línguas.

Já o inglês “on the prowl” fica respectivamente “à espreita”, “à l’affût”, “a caccia di prede” e “al acecho”. Temos sempre uma preposição, um artigo e um substantivo, exceto em italiano, onde a coisa se explicita mais com os dois jogos de uma preposição e um substantivo.

A tradução alemã se afasta do formato do original ao começar com “Immer mehr Kinder...” (Cada vez mais crianças...).

Gosto de fazer estas análises e comparações. Aprende-se bastante com este exercício. A chamada que copiei aqui tem só 26 palavras em inglês. Na íntegra do texto, claro que havia muitas outras analogias e contrastes bem interessantes.

Fora isto, há uma eterna confirmação de que as coisas sempre podem ser ditas de várias maneiras. Esta noção é essencial na hora que se vai escolher conscientemente uma. Quanto mais exemplos, mais modelos, mais critérios, tanto melhor.

Uso então estas publicações das Testemunhas de Jeová como obra de referência, já que as consulto amiúde. Também como material didático, tanto para aprender quanto para ensinar, quando se trata de pessoa (ou grupo) que ou é testemunha de Jeová, ou não faz objeções à utilização destes materiais por elas produzidos. Todas progridem quando realmente exploram esta fonte. Sei de alguns colegas tradutores que leram ou leem estes materiais ao se iniciarem em alguma nova língua, sempre com muito bons resultados, como seria mesmo de se esperar.

Hoje em dia existe a confortável opção de baixar arquivos para ler, por exemplo, a revista Awake (que vem me reforçando o conhecimento de inglês há quase trinta anos) no formato PDF e ouvi-la em formato MP3. A página é http://www.jw.org/.

Comecei a fazer isso este ano, com alguns números dela, mais para usar como material didático. Baixei também a Réveillez vous, a Erwachet, a Svegliatevi, e a Despertad. Uns poucos meses atrás, até exagerei na dose e também baixei, li e ouvi as traduções da Awake em holandês, sueco, norueguês, russo e grego, apesar da dificuldade inicial. Fiquei muito entusiasmado.

Sei que se prosseguir com esta experiência, acabarei por agregar todas estas línguas ao meu kit de ferramentas de trabalho. Só questão de tempo. Não é da noite pro dia, não. Quem seguiu por uns dois ou três anos um programa de leitura como este já se defende bem na(s) língua(s) que houver escolhido. Custa algum tempo e esforço, obviamente, mas os resultados finais falam por si mesmos. Eu mesmo sou uma prova ambulante disso que afirmo e recomendo. Melhor ainda é que basta ter acesso à internet. É tudo virtualmente sem despesa nenhuma.

Aos leitores que se dispuserem a explorar esta fonte com o fim de praticar leitura e escuta em línguas estrangeiras, todo o meu incentivo. Em tempo: não tenho religião, nem propagandeio ou combato nenhuma, que isto fique definitivamente claro. Quanto às línguas, quem quiser sinta-se à vontade para praticá-las comigo. Basta que eu tenha tempo e conheça o idioma estudado. Meu e-mail é joaoestevesalves@gmail.com.

A propósito, agora que leu esta postagem, se como eu você também não é fluente em sueco, o que você pensa que "Skydda dina barn!" quer dizer?
Viu?
Funciona, mesmo.