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terça-feira, 15 de março de 2011

Iniciação

Venho sugerindo há décadas um exercício extremamente simples e eficiente, que eu mesmo pratico com regularidade (e em diversas línguas), para "manter a forma".

Consiste ele simplesmente em classificar todas as palavras de algum texto relativamente curto, de preferência impresso. Serve aí qualquer coisa, como um artigo de revista, uma página de jornal, um capítulo de qualquer livro da Bíblia, e por aí vai...

Com as palavras à vista, fazer como segue, à guisa de exemplo:

As armas e os barões assinalados (artigo definido, feminino, plural)

As armas e os barões assinalados (substantivo feminino, plural)

As armas e os barões assinalados (conjunção aditiva)

As armas e os barões assinalados (artigo definido, masculino, plural)

As armas e os barões assinalados (substantivo masculino, plural)

As armas e os barões assinalados (adjetivo masculino, plural)

e assim vai.

Dependendo da capacidade intelectual da pessoa, simplifico a sugestão até o ponto de dela solicitar apenas o reconhecimento e classificação dos substantivos (não sem antes uma breve preleção sobre o que é um substantivo, quais são seus principais marcadores, etcétera e tal) com indicação de gênero e número, ou então dos verbos (idem, idem), com a respectiva pessoa, tempo e modo.

Entre aqueles a quem indiquei mais recentemente este salutar exercício estão meus filhos, um dos meus sobrinhos, um dos meus irmãos (por solicitação dele), mais uns poucos parentes, colegas e amigos mais chegados.

Pra não falar nos incontáveis alunos que tive em décadas a fio de prática docente.

Minha recomendação foi sempre praticá-lo como um workout, indefinidamente, ou pelo menos até que os benefícios em termos da pretendida automatização da análise morfológica das palavras sejam apreciáveis.

Nunca tive qualquer notícia de progressos de parte alguma. Ao que parece, ao invés de fazer do exercício de classificação de palavras um hábito, os que pelo menos chegaram a experimentá-lo acabaram, todos, abandonando-o antes que os resultados tivessem alguma chance se apresentar. Os motivos pessoais vão desde a mais sufocante falta de tempo até uma lamentável preguiça mental associada a um altíssimo nível de ... desinteresse.

Agora, fico só imaginando como é que seria se todos os meus aconselhados tivessem arrumado algum tempinho que fosse, ou reunido a quantidade necessária de força de vontade (convenhamos, nem era tanta assim) e com isto proporcionado a si mesmos estas ferramentas mínimas com as quais trabalhar palavras.

A história teria sido bem outra, não resta a menor dúvida.